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Agrotóxico e câncer tem relação?

Atualizado: 20 de out. de 2020

Agrotóxico é um termo usado para caracterizar substâncias químicas que têm o objetivo de prevenir, destruir ou controlar pragas. Podemos dividir agrotóxicos em inseticidas, herbicidas, bactericidas, fungicidas, larvicidas e outros.

Relação câncer x agrotóxico


O uso indiscriminado de pesticidas gera aumento no risco de intoxicação por agrotóxico. Este problema, a longo prazo, pode causar uma série de doenças, entre elas, o câncer.


Estudos científicos associam pesticidas (a maioria dos liberados aqui no Brasil) a casos de câncer. A palavra dedetizar, por exemplo, vem de DDT, pesticida amplamente usado após a II Guerra Mundial. Hoje, o DDT é associado a casos de câncer hepático. Já o câncer de bexiga, cânceres hematológicos, linfoma não-Hodgkin, câncer de pulmão são associados a outros tipos de agrotóxicos.


Ainda não está totalmente elucidado o mecanismo que liga o agrotóxico à formação do câncer, mas o mais provável é que ele promova uma mutação no DNA da célula saudável, iniciando o tumor. Além disso, também podemos citar os pesticidas como promotores tumorais, ou seja, eles auxiliam o crescimento do tumor por meio do aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (EROs), na inflamação e na proliferação celular, que podem culminar na progressão tumoral.


Como lidar com o agrotóxico


Infelizmente não há receita caseira para retirar os agrotóxicos dos nossos alimentos. Circulam na internet receitas com o uso de bicarbonato, de iodo, etc., mas nenhuma delas é comprovada cientificamente. Estudos apontam a contaminação por agrotóxico até em sementes! Ou seja, a melhor forma de diminuir o contágio é reduzir a nossa exposição a ele no dia a dia.


Para isso, compostos bioativos podem auxiliar na “batalha celular” contra os danos dos agrotóxicos. Elementos como resveratrol, cúrcuma, quercitina e genisteína – encontrados no amendoim, cacau, uva e soja – podem atenuar uma parte dos efeitos nocivos do agrotóxico na luta contra o câncer. Além disso, encontramos esses compostos em uma alimentação balanceada e saudável.

O Brasil e o agrotóxico


O Brasil ocupa as primeiras posições de um triste ranking: o de compra e uso de agrotóxico. Desde 2016, tivemos um aumento expressivo na liberação da quantidade de agrotóxicos permitidos no país. Apenas nos últimos dois anos, foram autorizados 923 novos registros e, até o início de março de 2020, já tínhamos a liberação de mais outros 48.


De acordo com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em 2017, o brasileiro consumia, em média, 7 litros de agrotóxico por ano. Já em relatório da Anvisa, ficou demonstrado que, ao avaliar amostras de frutas e hortaliças comumente consumidos por brasileiros, foram encontraram resíduos de agrotóxicos em 51% delas. Um estudo realizado pelo Ministério da Saúde entre 2014 e 2017, apontou que o percentual de contaminação das águas cresceu de 75% para 92%.



Referências:

[1] VoPham et al. Pesticide Exposure and Liver Cancer: A Review. Cancer Causes Control 2017

[2] Liang Z. et al. Pesticide Exposure and Risk of Bladder Cancer: A Meta-Analysis. Oncotarget 2017

[3] Navarette-Meneses M. e Pérez-Vera P. Rev Environ Health 2019

[4] Schinasi L. e Leon M. Int J Environ Res Public Health 2014

[5] Boulanger M. et al Lung Cancer Risk and Occupational Exposures in Crop Farming: Results From the AGRIculture and CANcer (AGRICAN) Cohort. Occup Environ Med 2018

[6] Wu et. al Chemopreventive effect of natural dietary compounds on xenobiotic-induced toxicity Journal of Food and Drug Analysis 2017

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