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Restrições alimentares no câncer


Após o diagnóstico oncológico, é frequente a avidez em seguir rigorosamente uma dieta, com o objetivo de se ter o efeito protetor dos alimentos e para favorecer o tratamento. Os pacientes procuram em sites informações sobre o que não comer. E amigos e familiares, na tentativa de ajudar, acabam por levar a este paciente mais dados sobre alimentação.


Mas até que ponto as restrições alimentares no câncer são saudáveis?


O movimento de evitar o que não faz bem é saudável, trata-se de autopreservação. Mas quando essas restrições passam a ser excessivas, tornam-se estressantes e interferem na qualidade de vida do paciente e da família.


É importante, antes de tudo, verificar se a exclusão de um determinado alimento é realmente necessária, se há algum alimento que realmente é contraindicado e quais são importantes de serem consumidos com menos frequência.


Muitas vezes a exclusão completa é necessária em casos alérgicos ou de intolerância. Nos outros, a indicação geralmente é a redução da frequência ou consumo apenas esporadicamente.


As próprias diretrizes nutricionais em oncologia contraindicam dietas altamente restritivas, que podem privar o paciente de energia, proteína ou micronutrientes e assim contribuir para o quadro de desnutrição. As restrições excessivas devem ser evitadas principalmente nos casos dos pacientes paliativos, onde devemos programar a conduta nutricional conforme a tolerância, sintomas e prognóstico do paciente.


Além disso, devemos sempre considerar seus aspectos sociais, psicológicos e culturais e atuar em uma decisão conjunta, que envolve o próprio paciente, a família e a equipe multiprofissional. O suporte nutricional é um bem inegável ao tratamento do câncer, mas é importante lembrarmos de que a nutrição não é o único motivo pelo qual comemos. O preparo das refeições e a realização da ceia de Natal com a família são exemplos de expressões culturais e sociais de amor e afeto que envolvem a alimentação.


Mais importante do que excluirmos alguns alimentos, é incluirmos alimentos saudáveis no dia a dia e estimularmos um padrão alimentar rico em frutas, hortaliças e grãos integrais.


Devemos orientar os pacientes e familiares sobre a alimentação equilibrada e adequada para cada indivíduo, evitando gatilhos para quadros de radicalismo.




Referências:

BRASPEN J. 2019;34(1).

Arends J, et al. ESPEN guidelines on nutrition in cancer patients. Clin Nutr. 2017.

Phillips B. "Let them eat strawberries": Dietary restrictions for children with cancer. Pediatr Blood Cancer. 2018.

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