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Obesidade e câncer de mama



O quarto artigo discutido no grupo de estudos foi sobre os mecanismos da obesidade visceral relacionados ao câncer de mama. As alterações metabólicas que o excesso de gordura abdominal causa na mulher podem aumentar a chance do desenvolvimento e progressão do câncer de mama. O artigo teve como objetivo observar através de três ângulos o impacto da obesidade no câncer de mama: inflamação, alteração hormonal e microRNAs.

De acordo com alguns estudos, a obesidade influencia de maneira diferente as mulheres em pré e pós menopausa. As que se encontram em pós menopausa apresentam aumento no risco de desenvolver câncer de mama estrogênio/ progesterona positivo. No caso de mulheres pré menopausa, especialmente com aumento de gordura na região central, elas apresentam aumento no risco de desenvolver câncer de mama triplo negativo, com maior densidade do tecido mamário.

O excesso de gordura corporal gera um quadro de inflamação crônica considerado de baixo grau. Essa inflamação é responsável pela liberação de citocinas pró inflamatórias, que auxiliam a manutenção da proliferação do tumor da mama, além de facilitar a conversão da polarização de macrófagos M1 (pró inflamatórios) para M2 (anti-inflamatórios), sendo esse um dos mecanismos que auxilia a evasão tumoral ao sistema imune.

Além da inflamação, o tecido adiposo é considerado um órgão endócrino. Este tecido é responsável por alterar adipocinas e outros hormônios. Podemos citar principalmente a resistência à leptina causada pelo excesso de produção deste hormônio pelo tecido adiposo e a diminuição da adiponectina. A desregulação destes hormônios ativa as vias de proliferação como JAK-STAT3 e diminuem a ativação de AMPK, indutora de apoptose na célula, respectivamente. Além disso, o excesso de tecido adiposo associado à inflamação também gera uma resistência à insulina, aumentando sua exposição ao tumor e exacerbando vias de crescimento tumoral como PI3K-Akt-mTOR. E, por fim, o excesso de tecido adiposo também aumenta a quantidade de estrogênio circulante. As células do tecido adiposo possuem a enzima aromatase, responsável por converter andrógenos em estrogênio. Essa alteração hormonal é especialmente deletéria no caso de mulheres com câncer de mama hormônio positivo.

O artigo também cita a influência dos microRNAs (estruturas de RNA que possuem em média 22 pares de base). Estudos vêm mostrando o importante papel destas moléculas no estímulo de células tumorais da mama. Existem tipos de RNAs que são produzidos pelo tecido adiposo que estimulas a proliferação do tumor. Entretanto, compostos bioativos como a epigalocatequina galato presente no chá verde, a genisteína na soja e a curcumina presente no açafrão-da-terra controlam a produção destes microRNAs e podem se mostrar como aliados nesta condição.

O conhecimento sobre a relação do excesso de gordura corporal com o câncer de mama nos guia para ações e estratégias para melhorar o metabolismo sistêmico, que influencia na tolerância e eficácia ao tratamento.

Referência:

Zimta, A.-A.; Tigu, A.B.; Muntean, M.; Cenariu, D.; Slaby, O.; Berindan-Neagoe, I. Molecular Links between Central Obesity and Breast Cancer. Int. J. Mol. Sci. 2019, 20, 5364.

Material complementar:

Kang C, LeRoith D, Gallagher EJ. Diabetes, Obesity, and Breast Cancer. Endocrinology. 2018 Nov 1;159(11):3801-3812.

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